Coluna de Ricardo Rodrigues originalmente publicada no site do Jornal Hoje em Dia.
Estamos em uma semana olímpica e o episódio que movimentou os noticiários - além, obviamente, das conquistas de medalhas dos nossos atletas, entre eles Ítalo Ferreira, Rebeca Andrade e Rayssa Leal - foi a desistência da americana Simone Biles na competição final individual da ginástica artística. Considerada a melhor da modalidade em todo o mundo, ela justificou a atitude como uma forma de se preservar mentalmente. Afirmou ainda que estava se sentindo pressionada e insegura. Apesar do fato ter ocorrido no universo dos esportes, ele diz muito sobre todos nós, principalmente sobre nossas fragilidades e vulnerabilidades. Aceitá-las, talvez, seja o primeiro e mais importante passo. A pandemia mostrou, sobretudo, que nada, absolutamente nada, está dentro das rédeas do nosso controle. A economia mundial desabou, famílias sofreram perdas irreparáveis e negócios faliram. Só em Minas Gerais, 30 mil empresas de alimentação fora do lar fecharam as portas, deixando 250 mil trabalhadores desempregados. O cenário tem feito especialistas acreditarem que os cuidados com a saúde mental definitivamente deixaram de estar em segundo plano na vida das pessoas — inclusive aquelas com pressões sociais extremas no trabalho. Se você, infelizmente, sucumbiu por causa de toda essa avalanche dos últimos 16 meses ou chegou à conclusão de que era inviável continuar, só tenho uma coisa a te dizer: não se culpe, tampouco se julgue. Nenhum de nós somos super-heróis imbatíveis. A desistência da ginasta campeã mundial só atesta que a maior prioridade das nossas vidas deve ser nós mesmos, portanto se o melhor, em algum momento, foi desistir, recuar em nome do bem-estar, recue, desacelere ou, se preferir, troque de rota. Às vezes dar alguns passos para trás nem sempre é sinônimo de derrota e mesmo que seja, não se sinta obrigado a perseguir a invencibilidade. Infelizmente fomos criados em uma sociedade onde as perdas não têm vez. Temos dificuldade de perder desde os primeiros anos de vida, nas brincadeiras mais pueris da infância e extrema aversão ao não, quando na verdade deveríamos estar mais preparados para os reveses do que para o sucesso. Portanto, saber quais são nossos limites e quando é a hora de parar é um dos maiores exemplos de inteligência e força. Pode parecer paradoxal, mas saber parar é sim sinônimo de força. Essa é a mensagem que quero deixar para vocês, hoje. Uma reflexão necessária neste penúltimo dia de julho, que tomou meus pensamentos diante dos recentes acontecimentos. Somos seres, não super-humanos. Pense nisso!
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