Coluna de Ricardo Rodrigues originalmente publicada no site do Jornal Hoje em Dia.
Uma boa notícia para hoje: o Ministério do Turismo e o Instituto Federal de Brasília (IFB) promoveram uma série de encontros virtuais com representantes da sociedade civil, setor público e privado, especialistas regionais e nacionais em turismo e gastronomia, além de chefs de cozinha, curadores de eventos e festivais gastronômicos, organismos multilaterais e de cooperação, para identificar estratégias de estruturação e promoção do turismo gastronômico. A oficina “Desafios e Oportunidades para o Turismo Gastronômico no Brasil” foi encerrada no último dia 28 e pode abrir caminho para a consolidação de uma rede colaborativa de especialistas nesta importante área da nossa economia.
Além da proposta de criação da rede colaborativa, os debates também fortaleceram a necessidade da construção de planos de ação para cada uma das cinco macrorregiões do país, considerando a diversidade de sabores e tradições locais. Foram apontadas, ainda, a importância da realização de ações de divulgação dos atrativos e destinos gastronômicos e de valorização da riqueza da gastronomia brasileira, além da necessidade de qualificação de toda a cadeia produtiva do segmento.
Essa série de iniciativas e discussões para fomentar nossa cozinha chega em boa hora, afinal somos um país com temperos únicos. Em terras tupiniquins, o segmento de gastronomia já movimenta cerca de R$ 250 bilhões anuais, segundo cálculos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) e, além da nossa BH, outras três cidades são reconhecidas internacionalmente pela inovação no fazer gastronômico: Florianópolis (SC), Belém (PA) e Paraty (RJ). Juntas, elas integram a Rede de Cidades Criativas da Unesco.
Também é importante dizer que a nossa gastronomia é ancorada nos territórios, promove a diversidade, a cultura alimentar e as identidades; valoriza o patrimônio, o saber fazer; é representativa, inclusiva e amplia o sentimento de pertencimento. Ela contribui para o desenvolvimento sustentável, geração de renda e redução das desigualdades; além de ser comprometida com as urgências do setor e dialogar com a tradição sem abrir mão de seu caráter inovador. Por tudo isso, merece sim ser olhada com a atenção que, de fato, merece.
É lamentável apenas que a nossa cidade, internacionalmente conhecida por seus sabores, vem enfrentando percalços e, pelo segundo ano consecutivo, terá seus bares e restaurantes impedidos de funcionar em uma das datas mais importantes para o nosso faturamento, o Dia dos Namorados, celebrado amanhã.
A valorização do ‘saber fazer’ começa, sobretudo, pelo direito garantido de podermos produzir e trabalhar com dignidade. Apesar de todos os entraves, continuamos seguindo. Às vezes cabisbaixos, aflitos, mas sem jamais perder a esperança.
Ricardo Rodrigues – Conselheiro Consultivo ABRASEL-MG e Coordenador da Frente da Gastronomia Mineira
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